Ex-ministro
da Educação de seu país, o filósofo é otimista em relação à globalização
O pensador francês Luc Ferry é um homem
otimista. Enquanto o cenário intelectual parece se afundar num mar de
queixas sobre o esvaziamento dos valores do mundo contemporâneo e acerca da
crise europeia, ele prefere celebrar a boa vida. Para o filósofo, autor de
obras como A revolução do amor e Aprender a viver, nunca estivemos em melhor
situação: a democracia é um valor universal, as mulheres são respeitadas como
nunca antes na história e as conquistas das políticas de seguridade dos países
desenvolvidos se tornaram modelo para todo o mundo.
Ex-ministro da Educação da França, entre
2002 e 2004, o filósofo é um dos mais representativos defensores do que chama
de humanismo secular, uma filosofia baseada na razão, na ética e na justiça.
Uma das decisões mais comentadas de sua gestão foi a proibição do uso de
símbolos religiosos nas escolas francesas pelos alunos. E é com a segurança de
quem defende ideias humanistas e se tornou um dos mais lidos filósofos
contemporâneos, que Luc Ferry participa hoje, em Tiradentes, do Congresso de
Inovação e Design da Amide, onde profere a palestra “A estética do prazer e a
questão dos critérios da beleza”.
“Assim como a consciência infeliz, tão bem descrita por Hegel,
nós temos a tendência de somente perceber na história aquilo que desmorona e
morre, e quase nunca percebemos aquilo que surge e ganha vida”, aponta Ferry.
Para ele, um dos maiores desafios do nosso tempo é perceber os sinais que
mostram que atravessamos novos tempos. “Estamos vivendo o nascimento de uma
nova significação, que não é mais aquela de Voltaire e de Kant, dos direitos do
homem e da razão, destas luzes que certamente foram portadoras de um vasto
projeto de emancipação, mas que conduziram também ao imperialismo e à
colonização”, explica. Como reafirma Ferry, trata-se de um humanismo
pós-colonial, “um humanismo da transcendência do outro”.
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